sexta-feira, 21 de maio de 2010

Origens e desdobramentos da semiótica discursiva

UEMS/UUCG
CURSO DE LETRAS: LICENCIATURA E BACHARELADO
NÚCLEO DE ESTUDOS EM ANÁLISE DO DISCURSO

Origens e desdobramentos da semiótica discursiva
Geraldo Vicente Martins -UFMS

     Tributária das análises dos contos tradicionais russos efetuadas por Vladimir Propp, das idéias  do antropólogo Claude Lévi-Strauss e das reflexões sobre a linguagem de Louis Trolle Hjelmslev, entre outras, a semiótica discursiva, desde o seu surgimento, preocupa-se em indagar como um texto, independente da linguagem que o veicule (verbal, visual, sincrética, etc), constrói o sentido.
    Nos registros oficiais da teoria, encontra-se como marco fundamental a publicação da obra Semântica estrutural – pesquisa de método, de Algirdas-Julien Greimas, em 1966. Nela, em capítulos organizados segundo uma preocupação lingüística específica, o pesquisador de origem lituana preocupava-se, de fato, com o estabelecimento de linhas de trabalho para um método de exploração semântica dos discursos. Mas somente com a publicação do primeiro tomo do Dicionário de semiótica, mais de uma década depois, em 1979, elaborado em parceria com Joseph Courtés, Greimas conseguiria demonstrar o caráter de unidade da semiótica. Por meio de verbetes que procuram abarcar exaustivamente os conceitos semióticos basilares e operatórios e da constante remissão de um item a outro, pela qual se esclarecia a relação entre eles, era possível verificar a marca da coerência interna a direcionar toda a elaboração da semiótica, esse projeto científico em permanente construção. Todavia, apesar do caráter de acabamento que se apresentava com o volume primeiro do Dicionário de semiótica, as pesquisas nos anos seguintes mostrariam novas áreas de exploração semiótica, destacando-se, entre elas, a da abordagem das paixões, entendidas como resultado do percurso modalizante dos sujeitos da narrativa, e a dos discursos artísticos, mormente no que se referia à produção de efeitos de sentido estéticos.
    Desse modo, além da publicação de Du sens II, em 1983, e do segundo tomo do Dicionário de semiótica, em 1986, no qual a coerência do primeiro cedia espaço a indagações diversas sobre o papel da teoria e sua relação com áreas próximas do conhecimento, a grande atenção dos semioticistas se voltaria para dois livros publicados originalmente no final da década de 1980: Da imperfeição, em 1987, e Semiótica das paixões, em 1989. A morte de Greimas, em 1992, no momento em que a teoria ensaiava esses passos rumo a, de certa forma, um novo centro de interesse, levou os colaboradores do projeto semiótico a se concentrarem em áreas de predileção pessoal, abrindo caminhos para que idiossincrasias de toda ordem adentrassem o terreno. Tal postura fez com que esses pesquisadores desenvolvessem velhas e novas linhas de trabalho, conduzindo a teoria à aquisição de uma face mais heterogênea em contraposição à pesquisa mais específica de outrora – conforme se pode comprovar pela observação das diferenças encontradas nas publicações mais recentes de alguns semioticistas. Tomando como balizas tais ocorrências e publicações, a comunicação visa a discutir os desdobramentos atuais da semiótica discursiva e suas implicações para a área de estudos linguísticos.

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